caros amigos, leitores e seguidores deste blog. tinha parado um tempo, mais após saber que mais de 17.000 visualizações este blog teve, resolvi voltar a escrever. neste meio tempo muitas coisas aconteceram, mais vou citar só as boas:
1- parte de meu blog foi usado para uma dissertação de final de curso em uma faculdade de geografia.
2- um grande amigo e escritor, usou(com a devida autorização) alguns trechos deste blog em seu mais recente livro: a filha dos rios.,do escritor Ilko Minev. se ainda não leram,leiam.,pois é espetacular.
3- obtive o segundo lugar no primeiro concurso de cronicas do Sidafisco-Ro. era uma cronica sobre o uso do dinheiro do imposto...(http://www.sindafisco.org.br/Pesquisa/ganhadores-no-1-concurso-de-cronicas-do-sindafisco/)..neste link tem o detalhes.
enfim, isso tudo me animou a voltar a escrever.
Finalmente começo a escrever o meu livro, lembranças de um velho garimpeiro., e é trecho dele que vou postar aqui. algumas historias devem se repetir, mais acho que sera legal. abraços a todos e boa leitura.
1-
CONVERSA EM FRENTE AO RIO MADEIRA
Tarde quente, como de costume e a praça
Madeira-Mamoré como toda a tarde estava com bom movimento de pessoas. Algumas passeando, outras conhecendo a praça
e boa parte curtindo a brisa que vem do rio. Em um dos bancos estava sentado um
velho, fumando seu cachimbo e olhando fixamente para o rio. Mais não era como
outros velhos que ali freqüentava, que tinham seus semblantes tristes, seu
olhar saudoso e notoriamente uma depressão visível. Este velho era
diferente....via-se com nitidez um leve sorriso em seus lábios e um olhar
encantador sobre as águas do rio, olhar que contrastava com o sol que brilhava
aquelas turbulentas águas. Pelo modo que baforava seu cachimbo conclui que o
mesmo era um companheiro inseparável, confidente para ser mais preciso. Aquele
olhar sorridente e o modo com que olhava para o lado esquerdo do rio me
deixaram curioso e por que não dizer inquietante: qual o segredo ou então qual
as lembranças que passavam pela cabeça deste ancião...pelo leve sorriso
lembranças felizes...pelo longo olhar lembranças que já se fazem saudosas...precisava
decifrá-lo...se conseguisse isso provavelmente teria uma viagem inesquecível á
um passado aventureiro e é o que vou fazer.
Aproximei-me e puxei conversa... o velho
era receptível e facilmente iniciamos um dialogo...bateu o fornilho de seu cachimbo
contra a mureta do banco, e eu como conhecedor deste habito notei que seu
cachimbo era de boa qualidade, provavelmente um amphora, de fabricação
holandesa, e feita com madeiras nobre., e ainda dava para sentir o aroma do
fumo que acabara de fumar, e que pelo cheiro e leveza, deduzo que era um
yenidje de origem turca, fumo mediterrâneo de aroma bem característico, isso me
fazia concluir que o velho era dotado de um bom nível cultural e conhecimentos
comospolitanos, o que fazia com que minha curiosidade só aumentasse. Iniciamos
nosso dialogo com as apresentações formais, apresentou-se dizendo apenas ser um
velho garimpeiro, saudoso dos tempos românticos dos garimpos do norte do Brasil
e que vinha ali sempre que possível, olhar para as turbulentas águas do Madeira
e recordar daquele grande e valioso tesouro que guardava consigo: as lembranças
de um velho garimpeiro.
Bem jovem, dizem que a palavra saudade não
existe...pode ate não existir a palavra, mais te garanto que a saudade existe,
e é como uma faca, que fica tentando furar sua pele. Olha para este
rio...corre, lépido e sem parar, como se em seu passado, não tivesse deixado,
lagrimas,sangue e saudades para trás. Se as barrancas deste rio pudesse falar,
contariam coisas inacreditáveis. Aqui nos alegramos, choramos, vivemos e
morremos, tudo ao mesmo tempo. Creio que o que a psicologia chama de
bipolaridade é o que o garimpeiro após alguns meses aqui no Madeirão sente. Vamos
da alegria á tristeza...do sorriso ao choro..da aflição á tranqüilidade, tudo
isso num tempo recorde. Choramos de saudades de um familiar, de um filho, de um
amigo..e ai de repente uma boa despencada, e pronto o ouro em nossas mãos nos
transem um sorriso, uma êxtase, uma adrenalina que faz que tudo seja esquecido.
O ouro, o louco ouro que fez deste rio e da vida de muitos um rebuliço inesquecível.
Neste momento o velho enche um novo
fornilho, acende seu cachimbo e tragando-o se cala. Pela experiência sabia que
o melhor era deixá-lo viajar no devaneio de seus pensamentos. Deixar a saudade,
as lembranças a vida que um dia foi bela e que agora esta se esvairando.....
deixar a alma subir e descer o Madeirão....deixar suas idéias viajar por vilas,
currutelas, dragas, balsas, flutuantes e bregas, que fazem de uma fofoca
garimpeira,um lugar únicio, impar....
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na próxima postagem.,o velho chega finalmente ao garimpo....até.